Foi tão difícil escrever e articular uma legenda pra essas fotos… cresci em uma cidade tranquila e em meio a muita cachoeira, bichos, terra, água e aquele ar leve, que quando a gente respira fundo entra fresquinho nos pulmões e parece que preenche a gente por dentro. Um dia acordei me sentindo desconectada de tudo isso e foi aí que decidi fazer minha primeira travessia, já sabendo que junto dela viriam muitas outras “primeiras vezes”: 4 dias sem banho, 4 dias dormindo em barraca, 4 dias sem banheiro, nenhum contato externo, criando laços com pessoas novas, carregando e sentindo no corpo tudo que me era necessário para esse período - inclusive a percepção do que realmente é necessário).
Assim que eu pisei na trilha, senti uma sensação esmagadora de ansiedade e pânico, acho que pela falta de controle do que me aguardava dali pra frente… respirei passo atras de passo, senti todo aquele ar me preenchendo, conversei comigo mesma e fui gentil e forte: a gente consegue, a gente quis tanto, não vamos nos paralisar… (porque será que eu falo comigo sempre no plural?). Não sei, mas deu certo,
Muito certo!
Todas aquelas “primeiras vezes” se transformaram em felizes aprendizados, realizações e conexões riquíssimas. Saí de lá preenchida, e por isso agradeço tanto ao meu grupo perfeito com guias 10/10 que tanto me ensinaram 🤍
Pena que entrou luz na câmera e a revelação ficou assim, mas tudo bem, entrou luz aqui também… é importante deixar entrar 💫
Essa noite foi uma daquelas que a gente sonha o tempo todo e não foi exatamente um sonho tranquilo…
Foi um sonho muito intenso e que senti muito medo e aflição, o tempo todo eu precisei lidar com uma montanha e o mar.
Em alguns momentos era a vertigem e o medo de estar extremamente exposta, já em outros eu tive que lidar com a fúria do mar e lutar muito pra não ser levada por ele, procurando onde me agarrar.
Acordei com esse sentimento pungente e resolvi ir ver a exposição do George Love no MAM pra processar tudo isso enquanto via tantas cores, texturas e formas em suas fotografias sensíveis da Amazônia (primeira viagem que eu fiz sozinha na minha vida). Foi bom!