Mainha fez 80 anos, no mês passado, que sorte danada a minha, de ter sido criada por uma mulher arretada. Olho para a minha mãe e vejo resistência, empatia, coragem, sabedoria e luta. Mainha, como se diz no Nordeste, enverga, mas não quebra. Teimou em existir como mulher, como cidadã. Nada fácil, mas ela seguia de cabeça erguida. E foi assim, peitando o mundo, que ela me deu o meu maior presente: eu poder ser o que eu quisesse. Ter liberdade de escolha, era tão importante para a minha mãe, que ela criou, na minha casa em Recife, junto com outras mulheres incríveis, o grupo feminista AÇÃO MULHER. Nome que traduzia todas aquelas mulheres que fundaram o grupo, mas em especial, a minha mãe. Mainha estava sempre em ação e sempre em busca de conhecimento. Eu, criança, achava que a minha mãe tinha lido todos os livros do mundo, pois ela sempre estava acompanhada de um, e toda semana a gente passava na livraria “Livro 7”, onde ela ficava um tempão e me dizia: Ler, te abre o pensamento e te faz ser uma pessoa melhor. Mainha era, de fato, uma mãe fora de qualquer padrão da época. Desquitada, livre, com uma filha e única provedora do nosso viver. Mesmo sendo mãe, não deixava de curtir a vida, namorar, se acabar nos carnavais, focar na carreira. Ela me ensinou que seria a minha maior aliada, meu porto seguro, mas sem deixar eu esquecer que ela era minha mãe e eu era a filha. Na minha época não tinha celular, mas tínhamos um pacto de eu ter que ligar aonde tivesse, independente da hora. Não era controle, mas proteção. Pela forma que fui criada, eu também era diferente das outras meninas. Minha mãe dizia que conviver com o diferente fazia bem, para termos mais convicções das nossas opiniões. Nossos argumentos se fortalecem, quando precisamos defender as nossas ideias.
Obrigada Mainha, por ter me dado ferramentas para eu ir conquistar os meus desejos. Feliz Dia das Mães, mas como você dizia, todo dia é dia das mães. Rsrs♥️♥️♥️
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1 month ago